Marcelo Oxley

Copa e política

Por Marcelo Oxley
Jornalista
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A Copa do Mundo é um torneio que tem como meta, mesmo não sendo objetivo, reaproximar amigos e familiares. Sou suspeito para falar de Copas, pois foi o assunto do meu TCC e por ser um amante nato do futebol. Na história deste País, jamais houve tanta ligação de uma Copa com a política, a tornando delicada.

Primeiramente é importante que a Copa nos traga o orgulho, inclusive para aqueles que ainda não têm, de sermos brasileiros e torcer pela nossa seleção, pelas cores verde e amarelo. Independentemente de raça, religião, sexo, ideologia política, time de futebol, enfim… Estamos em busca do hexa, mesmo que estejamos distante do eixo europeu, o qual cresceu no âmbito futebolístico e traz o último vencedor de uma Copa.

Na atual conjuntura, e por tudo que se criou antes mesmo das últimas eleições, será que conseguiremos atingir a torcida da maioria dos brasileiros? O quanto que o posicionamento político de Neymar, o maior jogador da nossa seleção, está sendo decisivo para a sua torcida? Você conseguiria deixar de lado sua votação presidenciável e torcer pelo ídolo brasileiro?

A democracia precisa servir para todos os lados. Se você acha democrático atores globais vestirem um manto político, também precisam compreender que alguns jogadores de futebol estão exercendo o seu direito de cidadão: manifestar-se! Qualquer coisa pensada de forma diferente não vejo como justo, e sim por interesse próprio. Neymar tem sido massacrado por pessoas que não concordaram com o seu voto. São muitos desses que preferem que a seleção tupiniquim faça fiasco no Catar. Lamentavelmente, misturam assuntos e fazem parte dos que “proliferam democracia”, neste caso a sua democracia, aos quatro cantos do Brasil. Utilizamos como exemplo atores declarados do presidente eleito, Lula. Faça uma breve pesquisa e veja quem está torcendo pelo hexa, quem está se manifestando pela Copa, quem está efetivamente em suas redes sociais a favor da Seleção. Quando a democracia é utilizada apenas para seus anseios, devemos encerrar a discussão rapidamente; não há como debater com quem não entende que um ponto nada tem a ver com outro e que esse empoderamento de teses minimiza e ignora o bom debate.

O Brasil atravessa um período turbulento pós-eleições. Não é errado em dizer que Lula perdeu em 14 estados e que quase 64 milhões de brasileiros (soma dos votos de Bolsonaro, brancos e nulos) não querem o retorno do petista ao comando do Brasil. Isso que deixei de lado os números das abstenções (mais de 32 milhões de brasileiros), por considerar que o eleitor não votou por algum motivo que fugisse ao seu processo natural de ir às urnas. Porém, se formos dividir esses votos, Lula ainda teria mais 16 milhões de eleitores contrários, chegando à incrível marca de 80 milhões de reprovações. Assim, esse caos político ainda perdurará por mais alguns meses, talvez anos.

Sendo assim, entendo que a Copa do Mundo, maior evento esportivo do planeta, possa amenizar vencedores e perdedores políticos. Se não for para sempre, pelo menos no tempo que esteja acontecendo.

A política se tornou assunto tão potente, perigoso e polarizado que parece ter ultrapassado a paixão saudável que temos pelo futebol agora em época de Copa. Lembro-me, com carinho e saudosismo, dos bons churrascos que fazíamos antes de um Bra-Pel: todos juntos e nos divertindo, áureo-cerúleos e xavantes. Será que nos dias atuais conseguiríamos realizar um bom almoço para assistirmos os comandados de Tite?

O título da Copa tem sabor diferente para os brasileiros, por termos a patente de o “país do futebol”. Somos o único que pode ser hexacampeão. Além do mais, a taça traria alegria e um instante de paz. Torça por sua seleção na mesma medida e intensidade que você torceu por seu candidato! Nada mais justo e democrático, não acha?​

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